A Bruxa de Blair (The Blair Witch, 1999) foi um marco na história do cinema de terror. Não importa a sua idade: você já ouviu falar sobre ele e, se o assistiu no cinema, você se lembra bem do medo que sentiu.
Mas vamos ao questionamento: como um filme independente, de baixíssimo orçamento e feito por um bando de “zé ninguéns” conseguiu gerar esse efeito nas pessoas e lucrar incríveis US$ 248 milhões, alcançando o posto de segundo filme mais rentável da história?
A resposta é menos sobrenatural do que você imagina, mas tão poderosa quanto a própria bruxa: o Marketing.
O cenário perfeito
O filme narra a história de três jovens que adentram uma floresta munidos de câmeras de filmagem e um objetivo: desvendar o grande boato que pairava sobre a cidade há gerações – uma suposta bruxa que habitava o lugar.
Filmagens absurdamente reais (algo inovador na trajetória da sétima arte até então), nenhuma trilha sonora, nenhum ator conhecido, zero preocupações estéticas. Mas a melhor campanha de lançamento de todos os tempos. Vamos explica-la melhor:
O feitiço do convencimento
Seu sucesso fenomenal se deu pela complexa e genial estratégia de marketing por trás do projeto da Bruxa de Blair. Sua divulgação foi recentemente coroada pela Forbes como a melhor campanha de mídia social de todos os tempos – merecidamente.
O filme foi vendido como sendo um documentário real, feito por pessoas reais, em busca de uma bruxa tão real quanto eles.
Nada disso era verdade… Mas isso não importava: todos compraram a mentira e, naquela noite, tiveram pesadelos com a bruxa e o mais importante: falaram, falaram MUITO sobre o filme, por muito tempo, com todo mundo que encontravam pela frente.
A brilhante estratégia
O termo para isso é “buzz” ou “barulho”, na livre tradução do inglês e é a chave para o sucesso de qualquer campanha publicitária. Um ano antes de assistir ao pseudodocumentário, essas pessoas já falavam sobre ele. Isso porque os produtores do filme fizeram a lição de casa: sites e fóruns da recém-nascida internet foram palco para espalhar a sementinha da existência da bruxa.
Notícias falsas eram plantadas, recortes de supostos jornais sobre o desaparecimento dos três atores do filme foram divulgados, fotos policiais do abandono de seu suposto carro se espalharam como uma epidemia no mundo virtual. Em pouco tempo, todos já faziam, sem saber, a divulgação de A Bruxa de Blair.
Até mesmo os três protagonistas acreditavam na existência da entidade sobrenatural durante a filmagem, sabia? A produção diminuía gradualmente a comida durante as diárias, na intenção de promover o conflito e tornar as emoções ainda mais reais.
O sucesso estrondoso do filme se resume em: aliar-se à internet (maior ferramenta de marketing da atualidade); falar para o público certo; escolher a dedo seus canais de comunicação e OUSAR. OUSAR MUITO.
A ideia da Bruxa de Blair foi muito bem plantada – até porque, cá estamos falando sobre ela até hoje, quase 20 anos depois de seu lançamento. E a sua? Vamos dar um jeito nisso?