Entre 1978 e 1995 um homem chamado Theodore Kaczynski matou três pessoas e feriu outras 23 em atentados terroristas de bombardeio a pessoas aleatórias, mas todas envolvidas com empresas e pesquisas de tecnologia.O ex-aluno de Harvard exigiu a publicação de um manifesto de 34 páginas intitulado “A Sociedade Industrial e Seu Futuro” nos principais jornais e meios de comunicação dos Estados Unidos em troca de sua “aposentadoria” terrorista.
Eventualmente, Kaczynski (conhecido como o Unabomber) foi pego e permanece preso até hoje, condenado a algumas prisões perpétuas.
Estamos longe de sugerir a validade desses atentados (muito pelo contrário, Theodore é um psicopata e seu comportamento patológico lhe rendeu uma vida na prisão), mas temos um ponto: você percebe o que as pessoas são capazes de fazer para expor e validar suas ideias?
Pera, vamos te dar um exemplo mais prático. Qual é o seu filme favorito? Eu não te conheço, mas aposto que o escolhido reflete o que você pensa sobre a vida, retrata uma realidade na qual você gostaria de viver ou o extremo oposto: critica aquilo que você não gosta ou apoia. Né?
Então. Tô pra te dizer que pessoas interagem com aquilo que lhes convém ideologicamente e que isso rege suas ações, seus círculos de amizade, suas escolhas políticas, seus restaurantes favoritos, sua loja de roupas preferida.
Isso define qual carro ela deseja ter, qual celebridade ela segue no Instagram e adivinha? O que ela pensa da sua marca também.
“Meeeeu Deeeeus, essa agência endoidou de vez. Que que eu tenho a ver com esse terrorista anti-microsoft?”
Rs. Com ele, nada. Mas tem a ver com bomba, e a bomba é: o posicionamento da sua marca define quem a consome – ou não. O NÃO POSICIONAMENTO TAMBÉM.
Ou você já se esqueceu do que aconteceu com a Allezia? Ou do que ela resolveu fazer depois disso? Alguém corta o microfone dela!
Essa história de “não existe publicidade ruim” é meio furada, tá? A Allezia não vende mais por causa da atenção recebida da mídia, muito pelo contrário: perdeu muitos clientes em potencial.
A gente jogou um monte de links e informações na sua cara, mas o que é importante você gravar é o seguinte: o consumidor moderno não compra só seu produto. Ele compra a “ideia” da sua marca e, nesse momento, o que você pensa ou deixa de pensar é da conta dele SIM.
Quando algo dá errado, a catástrofe é grande: a própria Natura, que construiu cuidadosamente seu relacionamento com consumidores ao longo dos anos e era a queridinha das vendas por engajamento sofreu as consequências de um infeliz episódio envolvendo opiniões políticas de uma ex-funcionária, que ainda mantinha a empresa como contratante nas redes sociais. Ouch. Essa doeu, Natura.
Por esse motivo, empresas inteligentes não fazem praticamente nada sem consultar profissionais publicitários experientes, que não vão deixar (tem uns que deixam? TEM. Por isso essa escolha também deve ser inteligente) você cair em arapucas e se envolver em polêmicas por aí.